Orkut: Minha Nostalgia Digital

- Hoje entrei no Orkut!

Estranha essa constatação, pois ela seria óbvia se fosse citada em 2009. Mas depois que passei a usar o Facebook, o abandonei, sem remorsos. Foi como na infância, ao ganhar um brinquedo novo, o velho deixou de ser tão interessante.

Loguei e visualizei aquele layout tão íntimo, a sensação foi como visitar um velho baú repleto de lindas recordações, trazendo com elas um misto de sentimentos.

São fotos, depoimentos, antigos scraps e comunidades que escancaram juntos, exatamente o que sou.,, para ser mais exata, o que eu era.

Lembro-me perfeitamente quando criei minha conta, foi em 2004. Recém liberta de um relacionamento complicado, lá fui eu em busca da minha carta de alforria e sem dúvidas ganhei o além.

Encontrei e mantive um relacionamento com pessoas queridas que estavam distantes. Tornei íntimos relacionamentos com pessoas que tinha visto uma única vez. Construí, também, relacionamentos com pessoas que para mim só existiam no virtual, onde muitas delas se fizeram necessárias no real. Economizei conta de telefone, pois quando sentia a necessidade de me fazer presente, bastava um scrap ou um “depoimento privado”, neste caso, com medo de ser exposta, acrescentava no final do mesmo: - PS : NÃO ACEITA! Afinal, o Orkut ainda não havia aderido às mensagens particulares.

Fucei muito a vida alheia, fazendo com que eu descobrisse coisas que me fizeram chorar noites inteiras (quem procura acha)... Mas, também chorei de emoção quando alguém muito querido resolvia se declarar através do Depoimento... ah os depoimentos, hoje os leio e ainda me emociono.

Analisei as comunidades do paquera para ver se tínhamos algo em comum (uma verdadeira pesquisa de target.., rs) e “busquei ser a mais cool” e inteligente ao escolhê-las. Confesso que pouco participei dos fóruns das mesmas, a não ser quando “o calo apertava” e eu necessitava de uma informação específica... e se eu tivesse emplacado uma Comunidade Famosa? ;)

Por um tempo ficava torcendo para estar repleta de estrelinhas, representando meus fãs, mas depois isso deixou de ser importante.

Passei a “lembrar” o aniversário de todos meus amigos e me sentir popular ao receber dezenas de scraps no meu aniversário.

E quando os aplicativos chegaram? Virei adepta ao Budy Poke e com ele pude até ser Wolwerine por um dia, dancei tango e esquiei na neve.

Não me preocupava em saber quem visitava meu perfil, então minha opção de visitas sempre ficou desligada, assim fuçava a vida alheia, sem medo de ser pega. Claro que para ver além, foi necessária a audácia da criação de um bom perfil fake, que deixou de ter seus méritos, quando o Orkut, que assim como eu, buscava aprender a lidar com a loucura da exposição exacerbada e entre erros e acertos, tornou álbuns e scraps privados por opção. Por um momento me revoltei, mas para manter a linha conectada, bloqueie todos os meus álbuns.  Quase uma Lei de Talião Virtual: - Bloqueia seu álbum que eu bloqueio o meu! rs

Acredita, que até encontrei um amor maduro? Na malícia ele me adicionou fingindo que me conhecia, eu me fiz de boba e aceitei e não é que esse romance virtual/real está durando.

Com Orkut pude experimentar meus primeiros conflitos digitais (não que eu tenha esquecido o Fotolog que me rendeu “pequena fama” em épocas de pré-adolescência), com ele tive o primeiro clique na mudança do comportamento nos relacionamentos humanos (assunto para outro texto). Hoje estou rendida a esta nova e deliciosa aventura, até redirecionei minha carreira, passando a trabalhar com o mundo digital.

Diante de toda essa nostalgia, finalizo com uma conclusão:

- O Orkut não morreu! Juro... Ele vive em minha memória.